Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 71% das notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes registradas entre 2020 e 2022 tinham a residência como principal cenário. No Disque 100, entre 2020 e 2023, 59% das violações de abuso sexual contra meninas e meninos tinham um familiar da vítima apontado como agressor. Esses e outros dados fazem parte da publicação “Violências contra crianças e adolescentes em dados”, produzida pelo CADÊ Paraná, a partir de três bases de dados oficiais: Sipia, Sinan e Disque 100. Ao ampliar o recorte para três formas de violência – sexual, física e psicológica- o relatório mostra que mãe e pai estão entre os principais agressores, e a terceira posição oscila entre instituição de ensino, padrasto e amigos e conhecidos.
Diante desse panorama, a criação de espaços seguros e livres de violência é fundamental para a proteção das infâncias e adolescências. Com esse intuito, a campanha Defenda-se lança o vídeo “Peça ajuda!”. Na animação, a protagonista Bia, de 6 anos, usa sua imaginação para reconhecer seus sentimentos e quem são os adultos com quem pode contar, tendo o apoio de seus amigos nessas descobertas.
“Uma das estratégias de promoção da autodefesa de crianças contra a violência sexual é incentivá-las a pedir ajuda a um adulto de confiança quando se sentirem com medo, constrangidas ou desconfortáveis. Mas, se os adultos em quem essa criança confia estiverem praticando outras formas de violência contra ela, talvez ela não se sinta segura para procurar ajuda”, explica Cecília Landarin Heleno, analista da campanha Defenda-se.
O lançamento da campanha Defenda-se é parte da mobilização que acontece durante maio, conhecido como Maio Laranja, e em especial no dia 18, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, de acordo com a Lei nº 9.970/00. Nesta data, diversas instituições, organizações e ativistas pelos direitos das infâncias e adolescências se mobilizam para sensibilizar, conscientizar e informar toda a sociedade. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, por meio da resolução nº 236/2023, indica também a campanha “Faça Bonito” e a flor amarela e laranja como símbolos oficiais do enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes em todo território nacional.